A imagem visível do Deus invisível

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Ele, a razão da nossa vida

sábado, 14 de janeiro de 2012

Como se chegar à contemplação?

Este é um tema extremamente difícil de se exprimir, uma vez que muitos dos que se aventuram na prática da oração, principalmente, da oração silenciosa, não raras vezes possuem formas diferente de percebê-la. A dificuldade começa aí. Devo, no entanto, lembrar que os eremitas, primeiros cristãos, tinham o foco na oração silenciosa e na meditação. Muitos iam morar isolados buscando um aprofundamento cada vez maior com Deus.

Em minha juventude, frequentei a igreja Católica até uns 4 a 5 anos após a primeira comunhão. Já adulto, com uma carga laica forte, fiz toda a Hata Yoga, e um pouco da Haja Yoga.

Os exercícios de  relaxamento e meditação yogues foram progressivamente me deixando num estado de uma paz diferenciada, que permanecia por algum tempo após os exercícios.

Isto me foi suficiente para continuar com a prática da Yoga, uma vez que percebera alguns resultados dos exercícios sobre o meu estado de ser.

Posteriormente fui largando a Yoga, ao não perceber maior desenvolvimento. Fora bom e me dera uma percepção interior importante a meu respeito, que se desvendava.

De alguma forma estacionara. Também vi uma certa dependência de ter de superar certos estados de espírito através de uma postura.

Muito mais tarde, quando tive uma experiência particular com Deus, percebi as léguas de distância que existem entre a yoga e o cristianismo. A percepção pessoal da yoga em nós ocorre sem um diálogo com o Criador, mas num auto controle do corpo. A percepção da meditação cristã resulta de uma escuta.

A verdadeira oração silenciosa não é um monólogo, onde falo com Deus, mas ao contrário, uma tentativa de silenciar-me, para escutar a Deus, ao que Ele deseja falar para mim.

Esta oração silenciosa tem uma série de estágios que começam no silenciar interno dos ruídos superficiais do dia, e termina numa contemplação vibrante e exterior a nós.

Não que há uma necessidade de se seguir todos os passos. Pode acontecer de alguém começar uma oração silenciosa e logo entrar em contemplação. Deus é quem decide, Ele é quem está no comando.

Mas qual é o significado da palavra contemplação? Não que dizer que estou observando algo ou alguém? Exatamente.

A contemplação é a oportunidade única de se perceber a Deus, através do derramamento de sua graça em tal profusão, que nosso ser permanece atônito com o que ocorre- a luz e a profunda vibração que encobre todo o corpo- a começar pela cabeça, de forma a não conseguir mais pensar em nada, apenas em permanecer naquele estado agradável. Talvez fosse este estado de ser que invadiu a Pedro, quando convidou a Jesus para fazer três tendas, no topo da montanha.

Creio ter atingido este estado muito poucas vezes em minha vida, não preenchendo sequer o número dos dedos de uma mão. Foi, entretanto suficiente, para debruçar-me tantas vezes em oração para que esta graça acontecesse novamente.

Com o tempo aprendi que este estado de ser não é o principal, que existira apenas para me fortalecer em minha fé, e ter uma prova como referência.

Não resta dúvida, por outro lado, que ao colocar-me em oração sempre vem este desejo, de sentir um toque aqui, outro acolá, os toques se multiplicando, um luz se aproximando, mesmo com os olhos fechados (e, logicamente não os abro), tomando-me por fim o corpo inteiro.

Permaneci assim neste gozo espiritual por minutos que significaram um tempo que nunca terminou, e acompanha-me até hoje, em minha memória.

É preciso muito cuidado para não retroceder  da oração pois o inimigo está por perto, e encontra todas as formas de nos desviar deste caminho de desenvolvimento espiritual.

Discipline-se pessoalmente.

Escolha um horário e faça suas orações pessoais.

Se puder faça com a esposa ou esposo, ou filhos.

Se não, não se entregue às ofertas do mundo, que são inúmeras.

A oração em família é uma, necessária, mas a oração particular, é outra necessária igualmente, e a contemplação se encontra exatamente nesta.