A imagem visível do Deus invisível

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Ele, a razão da nossa vida

sábado, 13 de julho de 2013

Tipos de homilias a serem evitadas.

Como melhorar a pregação sagrada: coluna do Pe. Antonio Rivero, L.C., Doutor e professor de Teologia e Oratória no seminário Mater Ecclesiae de São Paulo
Por Pe. Antonio Rivero, L.C.
SãO PAULO, 12 de Julho de 2013 (Zenit.org) - Depois de falar da pregação dos exercícios espirituais, quero hoje conversar com vocês sobre alguns tipos de homilia que deveríamos evitar. Assim, vocês poderão esboçar um sorriso depois de terem me aguentado durante a árida explicação dos exercícios espirituais!
HOMILIAS QUE DEVEMOS EVITAR SEMPRE
Homilia improviso: é aquela que o sacerdote “prepara” quando está colocando a alba, o cíngulo, a estola e a casula para a santa missa.
Homilia livresca: homilia com muito cheiro de livro e de escrivaninha; homilia acadêmica, marmórea, mas carente de coração e de conhecimento dos ouvintes.
Homilia arqueológica: homilia em que o pregador quer fazer incursões em detalhes secundários sobre os fariseus, os essênios, as dracmas, os estádios, a hora sexta, o átrio, o poço... Não explica a mensagem de Deus, e sim curiosidades periféricas.
Homilia romântica: aquela que quer promover lágrimas, sorrisos e água com açúcar, à base de exclamações, interjeições, gritos, linguagem paternalista com adjetivos ternos, diminutivos e aumentativos.
Homilia demagógica: com palavras e mais palavras, quer ficar de bem com o público, traindo tanto a mensagem evangélica quanto o destinatário, desfigurando e distorcendo a doutrina de Cristo.
Homilia literária: mais que uma prédica sagrada, é um exercício literário ou poético.
Homilia antológica: aquela que se transforma numa oportunidade para recordar e trazer à colação todas as frases, sentenças, textos, poesias e definições que o pregador aprendeu de memória ou achou em seus arquivos.
Homilia molusco: invertebrada, gelatinosa, sem argumento, sem conteúdo, sem tema. Nem termina um tema, já começa outro.
Homilia tijolo: puras ideias, sem relação com a vida prática dos ouvintes. A homilia deveria chegar, por assim dizer, até a cozinha da dona de casa, até o trabalho do pai de família, até a cadeira dos estudantes... Mas a homilia tijolo é pesada demais para chegar lá.
Homilia espaguete: enrola, enrola, enrola... Chateia os ouvintes e os faz bocejar. 
Homilia cursinho: aborda muitos temas sem concretizar nenhum.
Homilia repetição do evangelho: não consegue tirar uma mensagem do evangelho para os ouvintes, limitando-se a ficar repetindo o que foi lido no evangelho. Será possível que o pregador seja incapaz de tecer uma homilia saborosa com uma ideia clara e bem apresentada? O ouvinte não é bobo!
Homilia técnica: usa o tempo todo uma linguagem teológica que as pessoas não entendem: metanoia, anáfora, parusia, epifânico, histérico, pneumático, mistagogo, escatologia, transubstanciação… A homilia não é uma aula de teologia, e sim uma conversa cordial com os ouvintes e paroquianos.
Homilia vira-lata: o pregador salpica a sua fala o tempo todo com gírias vulgares. Assim é rebaixada a palavra de Deus, a dignidade do profeta e a dignidade dos fiéis, que São Paulo chama de “santos no Senhor”. O pregador não deve jamais se rebaixar, pois está falando em nome de Cristo e da Igreja.
Homilia do mau piloto: o pregador não sabe decolar nem aterrissar. Dá voltas e mais voltas e nunca termina. Até anuncia: “E para terminar”... mas arremete de volta às nuvens... “E agora para terminar”… e lá vai de novo para mais uma volta. Por favor, termine e ponto.
Se algum de vocês, com mais experiência e engenhosidade que eu, quiser citar outro tipo de homilia que deveríamos evitar, por favor, mande-me a sugestão por e-mail. Agradeço de antemão.


terça-feira, 9 de julho de 2013

Os três anjos bons e os três anjos maus

anjos, arcanjos, serafins, querubinsSLB - Diabinhos Vermelhos

São aspectos muito subjetivos da vida pastoral, que talvez sejam comentados com o seu confessor ou pai espiritual, mesmo assim, sob o risco de de passar por louco.
Tive dois depoimentos semelhantes esta semana, e ao mesmo tempo contrários.
Vamos aos fatos:
No final da semana passada visitando uma paciente, de crença indefinida, mas com parentes evangélicos, inclusive uma que é pastora,esta confidenciou-me, da sua opinião de que fora jogada na cama por algum tipo de despacho, pois tem vizinhos do candomblé, que lhe deram presentes.
Nada comprovado, mas uma impressão com força de "verdade". Esta paciente disse-me que na semana tivera um sonho onde três meninos lhe perseguiam, querendo pegá-la, chamando-a pelo nome.
Um dos meninos tinha a parte da cintura para baixo decaída, isto é apodrecida.
Ela ficara muito chocada com o sonho e acreditava que era coisa do inimigo que desejava levá-la à morte, esta e a futura. Percebi que ela estava preocupada e então oramos para que Deus a livrasse deste tipo de assédio provindo do maligno. Ela agradeceu-me, ao final, e ficou por isso mesmo.
A questão que me intrigou foi que, no início desta semana visitei outra paciente, católica, a quem dera a Hóstia Consagrada, também na semana passada, e esta relatou-me que, na noite do dia em que recebera a comunhão, tivera um sonho onde apareceram três crianças no pé de sua cama, E estas crianças lhe disseram que ela ficaria curada. O que impressionou-me neste relato foi a fé que esta mulher tinha, fortalecida pelo sonho. Dei-lhe novamente a comunhão com a confiança de que tudo estava bem. ela tinha o aspecto de quem tivera uma visão celestial.
Concluo:
Três é um número representativo da fé (Trindade/Anjos que visitam Abrão).
Tres diabinhos (como Santa Terezinha chamava alguns do mal), tem o sinal da decadência (metade do corpo estragada - logo a da parte de baixo).
Deus envia querubins para atender aos doentes, e o diabo, imitador, tenta fazer igual.

Alguns podem achar loucura este meu depoimento e as conclusões a que cheguei, mas podem estar certos há uma batalha espiritual que nos cerca, e devemos estar atentos aos sinais.

REGRAS DE DISCERNIMENTO DE SANTO INÁCIO DE LOYOLA

Como melhorar a pregação sagrada: coluna do Pe. Antonio Rivero, L.C., Doutor e professor de Teologia e Oratória no seminário Mater Ecclesiae de São Paulo







Continuamos a exposição sobre a pregação dos exercícios espirituais inacianos. Vimos até agora o que eles são e qual é a sua finalidade, o modo de fazê-los, a duração e como vivê-los (1). Repassamos também os temas que devem ser abordados na primeira,segunda, terceira e quarta semana (2,3,4 e 5). Hoje veremos as regras de discernimento colocadas por Santo Inácio em seus exercícios, e que o diretor tem de explicar durante esses dias. Vou colocar exatamente como Inácio escreveu.
REGRAS DE DISCERNIMENTO PARA A PRIMEIRA SEMANA
313 – Regras para de alguma maneira sentir e conhecer as várias moções que se causam na alma: as boas para as aceitar e as más para as rejeitar, e são mais próprias para a Primeira Semana.
314 – Primeira Regra. Nas pessoas que vão de pecado mortal em pecado mortal, costuma ordinariamente o inimigo propor-lhes prazeres aparentes, fazendo-lhes imaginar deleites e prazeres sensuais, para mais as conservar e fazer crescer em seus vícios e pecados. Com estas pessoas o bom espírito usa um modo contrário: punge-lhes e remorde-lhes a consciência pelo instinto da razão.
315 – Segunda regra. Nas pessoas que se vão intensamente purificando de seus pecados, e subindo de bem em melhor no serviço de Deus nosso Senhor, o modo de agir é contrário ao da primeira regra. Porque então é próprio do mau espírito morder, entristecer e pôr impedimentos, inquietando com falsas razões, para que não se vá para frente. E é próprio do bom espírito dar ânimo e forças, consolações, lágrimas, inspirações e quietude, facilitando e tirando todos os impedimentos, para que ande para diante na prática do bem.
316 –A terceira,de consolação espiritual. Chamo consolação, quando na alma se produz alguma moção interior, com a qual vem a alma a inflamar-se no amor de seu Criador e Senhor; e quando,consequentemente, nenhuma coisa criada sobre a face da terra pode amar em si mesma, a não ser no Criador de todas elas. E também, quando derrama lágrimas que a movem ao amor do seu Senhor, quer seja pela dor se seus pecados ou da Paixão de Cristo nosso Senhor, quer por outras coisas diretamente ordenadas a seu serviço e louvor. Finalmente, chamo consolação todo o aumento de esperança, fé e caridade e toda a alegria
interior que chama e atrai às coisas celestiais e à salvação de sua própria alma, aquietando-a e pacificando-a em seu Criador e Senhor.
317 –A quarta,dedesolação espiritual. Chamo desolação a todo o contrário da terceira regra, como obscuridade da alma, perturbação, inclinação a coisas baixas e terrenas, inquietação proveniente de várias agitações e tentações que levam a falta de fé, de esperança e de amor; achando-se a alma toda preguiçosa, tíbia, triste, e como que separada de seu Criador e Senhor. Porque assim como a consolação é contrária à desolação, da mesma maneira os pensamentos que provêm da consolação são contrários aos pensamentos que provêm da desolação.
318 – Quinta regra. Em tempo de desolação, nunca fazer mudança, mas estar firme e constante nos propósitos e determinação em que estava, no dia anterior a essa desolação, ou na determinação em que estava na consolação antecedente. Porque, assim como, na consolação, nos guia e aconselha mais o bom espírito, assim, na desolação, nos guia e aconselha o mau, com cujos conselhos não podemos tomar caminho para acertar.
319 – Sexta regra. Uma vez que no tempo de desolação não devemos mudar as resoluções anteriores, aproveita muito reagir intensamente contra a mesma desolação, por exemplo insistindo mais na oração, na meditação, em examinar-se muito e em alargar-nos nalgum modo conveniente de fazer penitência.
320 – Sétima regra. O que está em desolação considere como o Senhor o deixou em prova, nas suas potências naturais, para que resista às várias agitações e tentações do inimigo; pois pode fazê-lo com o auxílio divino, que sempre lhe fica, ainda que o não sinta claramente; porque o Senhor lhe subtraiu o seu muito fervor, o grande amor e a graça intensa, ficando- lhe, contudo graça suficiente para a salvação eterna.
321 – Oitava regra. O que está em desolação trabalhe por manter-se na paciência que é contrária às vexações que lhe advêm, e pense que será depressa consolado, se puser a diligência contra essa desolação, como se disse nasexta regra.
322 – Nona regra. Três são as causas principais por que nos achamos desolados: A primeira é por sermos tíbios, preguiçosos ou negligentes em nossos exercícios espirituais. E assim, por nossas faltas, se afasta de nós a consolação espiritual. A segunda, para nos mostrar de quanto somos capazes e até onde nos alargamos no seu serviço e louvor, sem tanto dispêndio de consolações e grandes graças. A terceira, para nos dar verdadeira informação e conhecimento, com que sintamos internamente que não depende de nós fazer vir ou conservar devoção grande, amor intenso, lágrimas nem nenhuma outra consolação espiritual, mas que tudo é dom e graça de Deus nosso Senhor. E para que não façamos ninho em propriedade alheia, elevando o nosso entendimento a alguma soberba ou vanglória, atribuindo a nós a devoção ou as outras formas de consolação espiritual.
323 – Décima regra. O que está em consolação pense como se haverá na desolação que depois virá, e tome novas forças para então.
324 – Décima primeira. O que está consolado procure humilhar-se e abater-se quanto puder, pensando para quão pouco é, no tempo da desolação, sem essa graça ou consolação. Pelo contrário, o que está em desolação pense que pode muito com a graça suficiente para resistir a todos os seus inimigos, e tome forças no seu Criador e Senhor.
325 – Décima segunda. O inimigo porta-se como uma mulher: fraco ante a resistência, e forte, ante a condescendência. Porque assim como é próprio da mulher, quando briga com um homem, perder ânimo e pôr-se em fuga, quando o homem lhe mostra rosto firme; e, pelo contrário, se o homem começa a fugir e perde a coragem, a ira, a vingança e a ferocidade da mulher é muito grande e se torna desmedida. Da mesma maneira, é próprio do inimigo enfraquecer e perder ânimo, dando em fuga com suas tentações, quando a pessoa que se exercita nas coisas espirituais enfrenta, sem medo, as tentações do inimigo, fazendo o diametralmente oposto. E, pelo contrário, se a pessoa que se exercita começa a ter temor e a perder ânimo em sofrer as tentações, não há besta tão feroz sobre a face da terra, como o inimigo da natureza humana, no prosseguimento da sua perversa intenção, nem com uma tão grande malícia.
326 – Décima Terceira. Porta-se como um namorado frívolo, querendo ficar no segredo e não ser descoberto. Porque, assim como um homem frívolo, que, falando com má intenção, solicita a filha dum bom pai ou a mulher dum bom marido, quer que as suas palavras e insinuações fiquem secretas; e, muito lhe desagrada, pelo contrário, quando a filha descobre ao pai, ou a mulher ao marido, suas palavras frívolas e sua intenção depravada, porque facilmente deduz que não poderá realizar a empresa começada. Da mesma maneira, quando o inimigo da natureza humana vem com as suas astúcias e sugestões à alma justa, quer e deseja que sejam recebidas e tidas em segredo; mas pesa-lhe muito, quando a alma as descobre ao seu bom confessor ou a outra pessoa espiritual que conheça seus enganos e maldades, porque conclui que não poderá levar a cabo a maldade começada, ao serem descobertos seus evidentes enganos.
327 – Décima Quarta. Comporta-se também como um chefe militar para vencer e roubar o que deseja;porque, assim como um capitão e chefe dum exército, em campanha, depois de assentar arraiais e examinar as forças ou a disposição dum castelo, o combate pela parte mais fraca, da mesma maneira o inimigo da natureza humana, fazendo a sua ronda, examina todas as nossas virtudes teologais, cardeais e morais, e por onde nos acha mais fracos e mais necessitados para a nossa salvação eterna, por aí nos atacam e procuram tomar-nos.
Continuaremos com as regras de discernimento para a segunda semana.
O artigo anterior pode ser lido clicando aqui. 
Caso você queira se comunicar diretamente com o Pe. Antonio Rivero escreva para arivero@legionaries.org  e envie as suas dúvidas e comentários
Continuamos a exposição sobre a pregação dos exercícios espirituais inacianos. Vimos até agora o que eles são e qual é a sua finalidade, o modo de fazê-los, a duração e como vivê-los (1). Repassamos também os temas que devem ser abordados na primeira,segunda, terceira e quarta semana (2,3,4 e 5). Hoje veremos as regras de discernimento colocadas por Santo Inácio em seus exercícios, e que o diretor tem de explicar durante esses dias. Vou colocar exatamente como Inácio escreveu.
REGRAS DE DISCERNIMENTO PARA A PRIMEIRA SEMANA
313 – Regras para de alguma maneira sentir e conhecer as várias moções que se causam na alma: as boas para as aceitar e as más para as rejeitar, e são mais próprias para a Primeira Semana.
314 – Primeira Regra. Nas pessoas que vão de pecado mortal em pecado mortal, costuma ordinariamente o inimigo propor-lhes prazeres aparentes, fazendo-lhes imaginar deleites e prazeres sensuais, para mais as conservar e fazer crescer em seus vícios e pecados. Com estas pessoas o bom espírito usa um modo contrário: punge-lhes e remorde-lhes a consciência pelo instinto da razão.
315 – Segunda regra. Nas pessoas que se vão intensamente purificando de seus pecados, e subindo de bem em melhor no serviço de Deus nosso Senhor, o modo de agir é contrário ao da primeira regra. Porque então é próprio do mau espírito morder, entristecer e pôr impedimentos, inquietando com falsas razões, para que não se vá para frente. E é próprio do bom espírito dar ânimo e forças, consolações, lágrimas, inspirações e quietude, facilitando e tirando todos os impedimentos, para que ande para diante na prática do bem.
316 –A terceira,de consolação espiritual. Chamo consolação, quando na alma se produz alguma moção interior, com a qual vem a alma a inflamar-se no amor de seu Criador e Senhor; e quando,consequentemente, nenhuma coisa criada sobre a face da terra pode amar em si mesma, a não ser no Criador de todas elas. E também, quando derrama lágrimas que a movem ao amor do seu Senhor, quer seja pela dor se seus pecados ou da Paixão de Cristo nosso Senhor, quer por outras coisas diretamente ordenadas a seu serviço e louvor. Finalmente, chamo consolação todo o aumento de esperança, fé e caridade e toda a alegria
interior que chama e atrai às coisas celestiais e à salvação de sua própria alma, aquietando-a e pacificando-a em seu Criador e Senhor.
317 –A quarta,dedesolação espiritual. Chamo desolação a todo o contrário da terceira regra, como obscuridade da alma, perturbação, inclinação a coisas baixas e terrenas, inquietação proveniente de várias agitações e tentações que levam a falta de fé, de esperança e de amor; achando-se a alma toda preguiçosa, tíbia, triste, e como que separada de seu Criador e Senhor. Porque assim como a consolação é contrária à desolação, da mesma maneira os pensamentos que provêm da consolação são contrários aos pensamentos que provêm da desolação.
318 – Quinta regra. Em tempo de desolação, nunca fazer mudança, mas estar firme e constante nos propósitos e determinação em que estava, no dia anterior a essa desolação, ou na determinação em que estava na consolação antecedente. Porque, assim como, na consolação, nos guia e aconselha mais o bom espírito, assim, na desolação, nos guia e aconselha o mau, com cujos conselhos não podemos tomar caminho para acertar.
319 – Sexta regra. Uma vez que no tempo de desolação não devemos mudar as resoluções anteriores, aproveita muito reagir intensamente contra a mesma desolação, por exemplo insistindo mais na oração, na meditação, em examinar-se muito e em alargar-nos nalgum modo conveniente de fazer penitência.
320 – Sétima regra. O que está em desolação considere como o Senhor o deixou em prova, nas suas potências naturais, para que resista às várias agitações e tentações do inimigo; pois pode fazê-lo com o auxílio divino, que sempre lhe fica, ainda que o não sinta claramente; porque o Senhor lhe subtraiu o seu muito fervor, o grande amor e a graça intensa, ficando- lhe, contudo graça suficiente para a salvação eterna.
321 – Oitava regra. O que está em desolação trabalhe por manter-se na paciência que é contrária às vexações que lhe advêm, e pense que será depressa consolado, se puser a diligência contra essa desolação, como se disse nasexta regra.
322 – Nona regra. Três são as causas principais por que nos achamos desolados: A primeira é por sermos tíbios, preguiçosos ou negligentes em nossos exercícios espirituais. E assim, por nossas faltas, se afasta de nós a consolação espiritual. A segunda, para nos mostrar de quanto somos capazes e até onde nos alargamos no seu serviço e louvor, sem tanto dispêndio de consolações e grandes graças. A terceira, para nos dar verdadeira informação e conhecimento, com que sintamos internamente que não depende de nós fazer vir ou conservar devoção grande, amor intenso, lágrimas nem nenhuma outra consolação espiritual, mas que tudo é dom e graça de Deus nosso Senhor. E para que não façamos ninho em propriedade alheia, elevando o nosso entendimento a alguma soberba ou vanglória, atribuindo a nós a devoção ou as outras formas de consolação espiritual.
323 – Décima regra. O que está em consolação pense como se haverá na desolação que depois virá, e tome novas forças para então.
324 – Décima primeira. O que está consolado procure humilhar-se e abater-se quanto puder, pensando para quão pouco é, no tempo da desolação, sem essa graça ou consolação. Pelo contrário, o que está em desolação pense que pode muito com a graça suficiente para resistir a todos os seus inimigos, e tome forças no seu Criador e Senhor.
325 – Décima segunda. O inimigo porta-se como uma mulher: fraco ante a resistência, e forte, ante a condescendência. Porque assim como é próprio da mulher, quando briga com um homem, perder ânimo e pôr-se em fuga, quando o homem lhe mostra rosto firme; e, pelo contrário, se o homem começa a fugir e perde a coragem, a ira, a vingança e a ferocidade da mulher é muito grande e se torna desmedida. Da mesma maneira, é próprio do inimigo enfraquecer e perder ânimo, dando em fuga com suas tentações, quando a pessoa que se exercita nas coisas espirituais enfrenta, sem medo, as tentações do inimigo, fazendo o diametralmente oposto. E, pelo contrário, se a pessoa que se exercita começa a ter temor e a perder ânimo em sofrer as tentações, não há besta tão feroz sobre a face da terra, como o inimigo da natureza humana, no prosseguimento da sua perversa intenção, nem com uma tão grande malícia.
326 – Décima Terceira. Porta-se como um namorado frívolo, querendo ficar no segredo e não ser descoberto. Porque, assim como um homem frívolo, que, falando com má intenção, solicita a filha dum bom pai ou a mulher dum bom marido, quer que as suas palavras e insinuações fiquem secretas; e, muito lhe desagrada, pelo contrário, quando a filha descobre ao pai, ou a mulher ao marido, suas palavras frívolas e sua intenção depravada, porque facilmente deduz que não poderá realizar a empresa começada. Da mesma maneira, quando o inimigo da natureza humana vem com as suas astúcias e sugestões à alma justa, quer e deseja que sejam recebidas e tidas em segredo; mas pesa-lhe muito, quando a alma as descobre ao seu bom confessor ou a outra pessoa espiritual que conheça seus enganos e maldades, porque conclui que não poderá levar a cabo a maldade começada, ao serem descobertos seus evidentes enganos.
327 – Décima Quarta. Comporta-se também como um chefe militar para vencer e roubar o que deseja;porque, assim como um capitão e chefe dum exército, em campanha, depois de assentar arraiais e examinar as forças ou a disposição dum castelo, o combate pela parte mais fraca, da mesma maneira o inimigo da natureza humana, fazendo a sua ronda, examina todas as nossas virtudes teologais, cardeais e morais, e por onde nos acha mais fracos e mais necessitados para a nossa salvação eterna, por aí nos atacam e procuram tomar-nos.
Continuaremos com as regras de discernimento para a segunda semana.
O artigo anterior pode ser lido clicando aqui. 
Caso você queira se comunicar diretamente com o Pe. Antonio Rivero escreva para arivero@legionaries.org  e envie as suas dúvidaide e gozo espiritual em que estava, até trazê-la à sua intenção depravada. Para que, com tal experiência, conhecida e notada, se guarde, daí por diante, de seus habituais enganos.