Pequeno histórico dos anos de chumbo

Nos anos de chumbo, da ditadura, participei de um processo de selecao nos Correios, e fui aprovado. Faltava apenas tirar um "nada consta" no DOPS(Depto de Ordem Política e Social). Vocês imaginam como nós passávamos? Ter que ir ao DOPS tirar um documento é acabar preso? Pois é! Eu fui. Mandaram eu voltar em uma semana. Quando voltei para pegar o "nada consta", temendo ser preso, eis que me dizem que havia alguma coisa, e que eu deveria ir até a Segunda Região Militar, para tirar um documento de que não tinha nenhum processo. Mais um temor, ter de andar e ser preso, e torturado. Mais uma semana e nada constava. De volta ao Correio,e curiosamente tinha perdido a vaga. Quem mandava no Correio era um Coronel Dirceu, que, por acaso, havia sido meu professor de desenho(um autoritário) no Colégio São Domingos, nas Perdizes, em Sampa. Mesmo assim procurei entrar em contato com ele, através de seu filho, que fora meu colega de classe no ginasial, para reparar esta injustiça. Nunca obtive resposta. Outros empregos também perdi, por perseguição política. Sobrevivi mantendo meus princípios. Os Correios,provavelmente,voltarão a ter este perfil persecutório novamente. A vida é assim: luta constante e fidelidade ao povo brasileiro em suas lutas. LONGE VÁ TEMOR SERVIL!!! De vez em quando conto alguns fatos pitorescos do meu passado. Me orgulho de ser fiel ao povo brasileiro.

Choro da alma

Minha alma chorava, e não entendia. O Sol logo vinha e tudo voltava ao normal. Mas, à noite, no entra e sai da despedida da razão, chorava. Um causa oculta antecipava acontecimentos. Chorava e chorava. Avisava-me o céu, a preparar-me pelas lágrimas, o que haveria de vir. Desfiava a vida, sua transitoriedade, profetizava. Até eclodir a trama. Como medir um sofrimento? Como estancar um mal? São peças colocadas no edifício da vida para dar estabilidade à obra de uma construção que termina quando o principal foi descoberto. Emudeço.